muito tenho ouvido ao longo de toda a minha vida (que ainda não é lá muita coisa) sobre as proezas que Deus faz na vida das pessoas, principalmente - e quase exclusivamente – na vida do evangélico ou de qualquer pessoa que se diz "aproximado" do Criador, no melhor dos termos, que são o povo que mais cospe o nome de Deus pela boca. Posso enumerar algumas situações atribuídas ao "Arquiteto do Universo", como bem se refere o Dr. Ari Queiroz, Juiz de Direito em Goiás, ao longo de suas palestras, consoante fez ontem mesmo. Eu dizia que as pessoas costumam culpar Deus por seus (das pessoas) erros e atropelos. Nisso eu visualizo o Grande Criador como também um trabalhador de todas as profissões. Podemos vê-lo como Agente de Empregos (abre portas e fecha portas no mercado de trabalho), Agricultor (quando quiser coloca na mesa), Alcoviteiro (arruma namoros, casamentos), Juiz (Des)casamenteiro (Divorcia e casa), e, para não me tornar cansativo, deixei por último aquela que eu tenho como mais absurda: o Ricardão (Deus faz filho nas mulheres dos outros). Digo tudo isto apenas para demonstrar como as pessoas têm uma imagem distorcida do trabalho de Deus em nossas vidas. Tenho comigo um pensamento que me motiva todas as vezes que alguém diz que Deus fez algo ou deixou de fazer. Eu o chamo de "Princípio do livre arbítrio". Esse princípio me diz que "Se eu tenho o poder de fazer uma escolha, Deus não a fará no meu lugar, mesmo que eu assim o queira". Se eu fizer um filho, não foi Deus que quis, mesmo que eu o tenha pedido um. Se meu casamento terminou, terminou porque não deu certo, e não porque Deus quis assim. Se eu não consigo um emprego (ou se consigo) é por falta de esforço, qualificação e oportunidade ou por tê-los, e não porque Deus quis que eu ficasse empregado ou desempregado. É simples compreender o porquê disso. Se assim não fosse, chegaríamos ao absurdo de eu cobrar de Deus, a posteriori, os frutos da escolha errada que ele fez por mim! Acontece que a falta de preparo das pessoas (e quando me refiro aos jovens eu acrescento a falta de responsabilidade e compromisso com Deus, com a fé e com a vida, quiçá consigo mesmo) as deixam escravas de palavras vagas e pensamentos alheios que às vezes são uma distorção absurda da letra bíblica, como sói acontecer. Outrossim, a falta da busca pela verdade é o grande mal da humanidade. O que acontece dentro das igrejas não é senão o reflexo daquilo que acontece na sociedade. O interesse do "homem do mundo" é ser bem visto na sociedade; o do "homem de cristo" é ser bem visto na igreja. O do "homem do mundo" ganhar um cargo político; o do "homem de cristo" ganhar um cargo na igreja. O do "homem do mundo" ser promovido no emprego. O do "homem de cristo" ser promovido na igreja. E assim os cegos continuam sua vida terrena enfeitando-a como se cristã fosse. Ser cristão é, acima de tudo, buscar a verdade. O cristão é propagador da verdade e não mero repetidor de idéias. Para isso é preciso deixar o comodismo de lado. É preciso buscar a verdade, e essa busca é material, porque a espiritual vem em vias de consequência (já aproveitando para adaptar o texto à nova ordem linguística brasileira). Material no sentido de enriquecer o conhecimento pessoal, estudar, conhecer sobre a história das religiões, do mundo, do povo, do universo, porque Deus não pôs todas as respostas na Bíblia! E se você tiver um pensamento holístico é capaz de se perguntar até se Deus, de fato, colocou a resposta dentro da Bíblia. É essa busca que o cristão deve ter consigo incansavelmente. E se assim não fizer, não adiantará, você leitor, depois de ler este pequeno texto, dizer: "Deus, eu não sabia". E eu te perguntaria: "Foi Deus que, de fato, quis?". Por Haniel Sóstenis