21 de maio de 2013

Evento na capital potiguar integra mobilização nacional do Ministério Público Federal

A implementação da Lei 12.732/12, que estipula um prazo máximo de 60 dias para o início do tratamento de pacientes com câncer no Sistema Único de Saúde (SUS), foi o tema da audiência pública promovida pelo Ministério Público Federal (MPF/RN) e Ministério Público Estadual (MPE/RN) na manhã desta terça-feira (21), no auditório da Assembleia Legislativa.
Participaram da discussão representante da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), de secretarias municipais de saúde, da Advocacia Geral da União, Justiça Estadual, conselhos regionais de Medicina e Enfermagem, Conselho Estadual de Saúde e de diversos hospitais públicos, entre outras instituições. A audiência foi conduzida pelo procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Ronaldo Sérgio Chaves Fernandes, em parceria com o promotor de Justiça Carlos Henrique Rodrigues.
Ronaldo Sérgio destacou a preocupação de todos não só com a efetiva aplicação da lei, de forma a garantir agilidade no início do tratamento, mas também com o tempo gasto para o próprio diagnóstico, cuja demora pode levar ao agravamento dos casos. De acordo com a Lei 12.732/12, que passa a vigorar a partir desta quinta-feira (23), o prazo máximo de 60 dias para que os pacientes com neoplasia maligna se submetam ao primeiro tratamento, gratuitamente pelo SUS, começa a contar da data do diagnóstico.
“A lei é omissa acerca do diagnóstico, mas isso não a inviabiliza”, observou Ronaldo Sérgio, complementando: “O MPF está vigilante e esta audiência é apenas o ponto de partida”. Ele lembrou os desafios para a implementação da lei, que pode permitir o acesso da população mais carente ao “direito fundamental e de grande relevância social” de receber um tratamento rápido para uma doença tão séria. O Brasil registra 518 mil novos casos de câncer por ano e quanto mais cedo são tratados, maior a possibilidade de cura.
O promotor Carlos Henrique Rodrigues detalhou as mudanças promovidas pela Lei 12.732/12 e alertou o poder público quanto à necessidade de garantir as condições para que o novo prazo seja respeitado. Já a representante da Sesap, Walkiria Gomes da Nóbrega, afirmou que o estado vem se preparando para assegurar o atendimento à legislação e disse que a secretaria tem se estruturado para melhorar toda a rede de atendimento.
Diretor do Foro da Comarca de Natal, Mádson Ottoni revelou a preocupação dos magistrados com a “judicialização da saúde”, enquanto o representante do Conselho Estadual de Saúde, Denilson Rodrigues, enfatizou que “para o paciente com neoplasia maligna, 60 dias é uma eternidade”. Já o advogado da União Francisco Livanildo reforçou que “o problema mesmo está no diagnóstico”, cuja demora leva à piora do quadro dos pacientes e à redução nas chances de cura.
O presidente do Conselho Regional de Medicina, Jeancarlo Cavalcante, lamentou as distorções ainda existentes no tratamento do câncer pelo SUS, no Rio Grande do Norte, e o secretario de Saúde de São Gonçalo do Amarante, Jalmir Simões, relatou as dificuldades enfrentadas pelos municípios no atendimento à população. Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Antônio Jácome elogiou a iniciativa do MPF/RN em discutir o assunto e afirmou que o parlamento estadual acompanhará os esforços para implementação da lei.
A audiência desta terça-feira faz parte de uma mobilização nacional pela efetivação do direito à agilidade no início do tratamento do câncer no SUS. Unidades do MPF em diversos estados realizarão debates semelhantes durante toda a semana, sempre com o lema: “Quem tem câncer não pode esperar, o MPF está atento!”

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