27 de fevereiro de 2019
O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da
sentença que absolveu dois dos acusados de envolvimento no esquema
de corrupção desbaratado pela chamada “Operação Hígia”,
deflagrada em 2008. Maria Eleonora Lopes D'albuquerque Castim e Marco
Antônio França de Oliveira eram, respectivamente, coordenadora de
Execução Orçamentária e Financeira e servidor da Secretaria
Estadual de Saúde (Sesap/RN), quando ocorreu uma série de
irregularidades em contratos de empresas com a secretaria, resultando
em quase R$ 10 milhões em prejuízos aos cofres públicos.
Os dois foram os únicos absolvidos da sentença
de primeira instância (na qual foram condenados réus como os
empresários Jane Alves de Oliveira e Herberth Florentino, bem como o
filho da então governadora do Estado, Lauro Maia). Para o MPF, no
entanto, ambos estão envolvidos nas irregularidades, pois
facilitaram o funcionamento do esquema - que obtinha, por exemplo,
prorrogações fraudulentas de contratos e pagamentos por serviços
não prestados, desviando recursos que eram divididos entre os
participantes.
Participação e esquema funcionava a
partir de um acordo entre agentes públicos e representantes de
empresas como a Emvipol e a A&G Locação de Mão de Obra (ambas
condenadas), que “loteavam” os contratos da secretaria entre si.
Maria Eleonora e Marco Antônio, de acordo com o recurso, integravam
o primeiro grupo. O MPF aponta a existência de diversos áudios;
depoimentos; pareceres pela dispensa de licitação e renovação dos
contratos; e toda uma farta documentação provando a participação
de ambos nas irregularidades.
Em um dos áudios, Jane Alves liga para Marco
Antônio França e trata sobre a possível publicação de uma
licitação, com objetivo “justamente de retardar essa publicação”.
Em outro, o servidor – que atuava na Coordenadoria de Administração
da Sesap - conversa com Anderson Miguel (empresário e ex-marido de
Jane Alves, assassinado em 2011) a respeito da renovação de
contratos.
Parte das verbas desviadas pelo esquema eram de
origem federal, oriundas do Sistema Único de Saúde – SUS e do
Programa Farmácia Popular. Em relação a este programa, a
secretaria chegou a pagar pela prestação de serviço terceirizado
quando a primeira unidade sequer havia sido inaugurada. Marco Antônio
foi quem atestou três das seis notas emitidas no período em que a
Farmácia Popular nem mesmo havia entrado em funcionamento.
Há também áudios que apontam o elo existente
entre Maria Eleonora e o grupo criminoso. Nas conversas, o MPF indica
que ela é citada como sendo uma “peça importante no esquema, pois
atuaria intervindo não só em favor da empresa A&G para
renovação dos contratos, como também era responsável pela
irrigação financeira da organização criminosa, flexibilizando
para permitir o pagamento imediato aos seus integrantes, mesmo ciente
dos artifícios utilizados para manutenção ilícita das empresas
(…) à frente dos contratos mantidos com a Sesap”.
Operação - A Higia foi deflagrada em 13
de junho de 2008, após recolher diversas provas de ilícitos
cometidos durante o período de 2006 a 2008. Além de pagamento de
mão de obra terceirizada em programas que sequer haviam sido
iniciados, constatou-se divergências no quantitativo de
funcionários, através de fraudes como o acréscimo de “funcionários
fantasmas” na folha de pagamento e também o lançamento em
duplicidade dos nomes.
Em um contrato de vigilância, notas atestadas
diziam respeito ao serviço de vigilantes que sequer possuíam
registro no Sistema Nacional de Segurança e Vigilância Privada
(Sisvip) e alguns dos quais já prestavam serviços em outras
empresas ou instituições públicas. “Mesmo presente tamanha
quantidade de irregularidades, o demandado Marco Antônio (…)
atestou sem qualquer dificuldade a prestação dos serviços (…)
permitindo que a Emvipol recebesse vultosa quantia por serviços que
não tinha prestado”, descreve o recurso, de autoria do procurador
da República Fernando Rocha.
Os dois servidores também se somaram para
permitir à A&G a renovação indevida de contratos – com
aditivos que aumentavam consideravelmente o valor inicial – mesmo
sem haver situação de emergência que justificasse tais renovações,
em lugar da abertura de novas licitações. “(conforme) conversa
estabelecida entre Anderson Miguel e Marco Antônio (...), percebe-se
a atuação deles em conjunto com a ré Maria Eleonora (…) no
sentido de promover a adulteração no contrato”.
Outro mecanismo ilegal utilizado era a prática de
dispensa indevida de licitação, que beneficiou a Emvipol. Marco
Antônio é apontado como um dos responsáveis. O dono da empresa,
Herberth Florentino, afirmou que se reportava ao servidor da Sesap
exatamente para agilizar seus processos. Em relação a Maria
Eleonora, o MPF ressalta ainda que a coordenadora admitiu a indicação
de pessoas para vagas de emprego nas empresas envolvidas no esquema,
tendo também intercedido em prol de uma funcionária que corria
risco de ser dispensada.
Condenados – A ação de improbidade (nº
0009613-10.2008.4.05.8400) foi extinta em relação a Anderson Miguel
devido à sua morte. Entre outras sanções, os empresários
Francisco Alves de Sousa Filho (Júnior Gordo), Herberth Florentino e
ainda Lauro Maia foram condenados ao ressarcimento solidário de R$
9.847.243,64 aos cofres públicos (juntamente com os sucessores de
Anderson Miguel). A A&G e Emvipol também foram condenadas a
ressarcir os prejuízos. A então procuradora do Estado Rosa Maria
D'apresentação Figueiredo Caldas Câmara foi sentenciada à perda
de bens no total de R$ 250 mil; e Ulisses Fernandes de Barros (que
atuava “como um contínuo das empresas dentro da administração”)
a pagamento de multa.
João Henrique Lins Bahia Neto (que trabalhava no
Gabinete da então governador Wilma Maia e fazia a “ponte” entre
Lauro Maia e os empresários), Jane Alves (que firmou acordo de
colaboração) e Francinildo Rodrigues de Castro (funcionário da A&G
que ocupava cargo na Sesap), foram condenados, entre outras sanções,
a pagamentos de multas.
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