6 de janeiro de 2020
BAGDÁ
— O Parlamento iraquiano aprovou no domingo 05 uma resolução que pede a
retirada das tropas americanas do país. A medida é uma represália ao
assassinato do general iraniano Qassem
Soleimani e do comandante militar iraquiano Abu Mahdi
al-Muhandis, em um ataque com
mísseis realizado pelos Estados Unidos na madrugada de
sexta-feira (hora local) no aeroporto internacional de Bagdá.
Soleimani
dirigia as Forças Quds da Guarda Revolucionária do Irã, unidade de
elite responsável pela articulação regional dos diversos grupos pró-Irã em
países como Síria e Iraque. Muhandis era vice-comandante das Forças de
Mobilização Popular (FMP), coalizão de milícias xiitas pró-Irã criadas no
Iraque para combater o Estado Islâmico. Ambos haviam combatido o EI ao lado
de forças americanas.
Os
EUA invadiram o Iraque em 2003 para derrubar Saddam Hussein, sob o falso
pretexto de que ele detinha armas de destruição em massa, e oficialmente se
retiraram em 2011. Posteriormente, foi feito um novo acordo específico para
combater o Estado Islâmico, grupo fundamentalista da vertente sunita do
islamismo que a partir de 2014 ocupou várias cidades iraquianas. Os EUA mantêm
atualmente cerca de 5.200 soldados no Iraque.
O
acordo legal entre Bagdá e Washington afirma que as tropas americanas estão no
Iraque “a convite” do governo local para combater o EI. Resoluções
parlamentares, ao contrário de leis, não são vinculantes para o governo, mas o
primeiro-ministro Adel Abdul Mahdi disse, em conversa com o ministro
do Exterior francês, que está trabalhando em um documento para pôr a resolução
em prática. Assim, em tese, os americanos seriam forçados a retirar a maior
parte de seus militares do país. Um número indeterminado de soldados poderia
ficar sob outro acordo bilateral, o Acordo de Parceria Estratégica, mas com
atuação mais restrita.
Ao
comentar a decisão, o presidente americano, Donald Trump, disse que pode
aplicar sanções contra Bagdá caso suas tropas sejam expulsas do país árabe.
—
Se eles nos pedirem para sair, se isso não ocorrer de uma maneira amistosa, nós
vamos aplicar sanções como eles jamais viram antes. Vão fazer com que as
sanções contra o Irã pareçam brandas — afirmou a repórteres na noite deste
domingo. — Temos uma base aérea extraordinariamente cara ali. Custou bilhões de
dólares para construir. Não vamos sair a menos que nos paguem por ela.
O
Iraque foi alvo de um embargo quase completo, imposto pelo Conselho de
Segurança da ONU, entre 1990 e 2003, durante o regime de Saddam Hussein. As
medidas foram adotadas inicialmente por conta da invasão do Kuwait e,
posteriormente, ligadas ao desenvolvimento de armas de destruição em massa,
programas de mísseis balísticos e apoio ao terrorismo.
Presença
estrangeira
A
resolução do Parlamento determina que o governo "acabe com qualquer
presença estrangeira no solo iraquiano e previna o uso do espaço aéreo, solo e
água iraquianas por qualquer razão", sem determinar um prazo para que isto
seja feito.
Convocada
após o ataque contra Soleimani e al-Muhandis, a sessão parlamentar
extraordinária foi aberta pelo primeiro-ministro Mahdi, que disse que pôr
um fim à presença de soldados estrangeiros no país é o melhor para o Iraque,
apesar das dificuldades internas e externas que isso pode causar.
Ele
disse ainda que Trump havia lhe telefonado para pedir que mediasse a crise
entre os EUA e o Irã antes de ordenar o ataque com mísseis que matou
Soleimani e al-Muhandis. Segundo Mahdi, o general iraniano levava a resposta do
seu país a uma iniciativa saudita para aliviar as tensões na região quando foi
morto.
A
decisão de Trump de ordenar o ataque de sexta-feira se seguiu a um ano de
recrudescimento da tensão entre os EUA e o Irã, depois que Washington abandonou
em maio de 2018 o acordo nuclear firmado entre Teerã e as principais potências
globais em 2015 e reimpôs sanções econômicas ao país persa.
Os
incidentes mais recentes tiveram início depois que o Kataib Hezbollah, um dos
grupos das FMP, foram acusados de um ataque que em 27 de dezembro matou um
funcionário americano terceirizado em uma base dos EUA na cidade iraquiana de Kirkuk.
Em represália, bombardeios americanos no dia 29 mataram 25 integrantes do grupo
na Síria e no Iraque.
Respondendo
aos bombardeios, manifestantes pró-Irã e membros das FMP tentaram invadir a
embaixada americana em Bagdá no último dia 31. Trump acusou Soleimani de
orquestrar a tentativa de invasão e alegou que os assassinatos foram
preventivos, já que o iraniano estaria preparando uma onda de ataques a alvos
americanos na região. Essa informação, no entanto, está sendo questionada pela
imprensa americana e pela oposição democrata.
Combate
ao EI é afetado
No
Parlamento iraquiano, a aprovação da resolução que pede a saída dos militares
americanos, por 170 votos, não foi unânime. Muitos dos 328 deputados,
principalmente muçulmanos sunitas e curdos, se abstiveram de votar, pois
defendem a permanência dos EUA.
Minutos
antes da votação, a coalizão internacional que combate o EI liderada pelos EUA
anunciou a interrupção do treinamento das forças de segurança iraquianas,
temendo ataques a bases militares que abrigam suas tropas, em represália pelos
assassinatos.
Os
soldados americanos fornecem apoio às forças iraquianas que buscam os
integrantes do Estado Islâmico dispersos pelo interior do país, nos desertos e
montanhas, depois que o grupo perdeu em 2017 o controle de Mossul, a maior
cidade que havia conquistado. Eles também dão suporte às forças de países
europeus que fazem parte da coalizão contra o EI. Sem a inteligência e os
recursos materiais dos EUA, as operações militares iraquianas contra o Estado
Islâmico seriam afetadas, disseram especialistas ao New York Times.
Horas
antes da resolução ser aprovada, a Chancelaria iraquiana convocou o embaixador
dos Estados Unidos no país, Matthew Tueller, para denunciar “uma violação da
soberania do Iraque” após o ataque que matou Soleimani. Segundo o ministério,
“as operações militares ilegítimas realizadas pelos Estados Unidos são ataques
e atos condenáveis que podem causar uma escalada de tensões na região e
constituem uma violação de soberania”.
A
Chancelaria também enviou reclamações oficiais para o secretário-geral da ONU,
António Guterres, e para o Conselho de Segurança, em razão dos “ataques
americanos, agressões a posições militares iraquianas e o assassinato de
comandantes de alto nível iraquianos e aliados no solo do Iraque”. Segundo o
comunicado, os ataques são “uma perigosa violação da soberania iraquiana no que
diz respeito à presença americana no Iraque.
Foto: HANDOUT /
REUTERS
Fonte:
globo Mundo
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