4 de março de 2020
A
sessão do Congresso Nacional foi suspensa na noite de ontem (3) sem conclusão
da votação dos vetos presidenciais sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO). A mesma votação já havia sido adiada antes do carnaval. O presidente do Congresso
Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu manter o quórum da sessão
de ontem terça-feira, mas votar os vetos
hoje (4). Alcolumbre alegou que o Congresso não teve tempo suficiente para
analisar os projetos de lei (PLs) encaminhados pelo governo como parte de um
acordo com o Congresso.
Os
PLs foram enviados pelo presidente Jair Bolsonaro para garantir a manutenção dos
vetos, que poderiam ser derrubados. Esses projetos regulamentam o orçamento
impositivo, detalhando a destinação da verba de emendas do relator-geral do
Orçamento. Alcolumbre e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
esperavam os PLs ainda pela manhã, mas eles só chegaram às 17h. Segundo os
parlamentes, era um texto demasiado extenso e importante para ser lido e votado
em apenas uma hora.
Assim,
a demora abriu caminho para que os senadores pedissem o trâmite regimental dos
projetos de lei. Dessa forma, eles irão à Comissão Mista do Orçamento (CMO),
onde poderão sofrer alterações por meio de emendas. Pelo menos um partido, o
Cidadania, avisou que apresentará emendas para a proposta. Segundo Alcolumbre,
esses projetos irão a plenário na próxima terça-feira (10).
Ao
anunciar a suspensão da sessão, o presidente do Congresso afirmou que a
manutenção ou não dos vetos sobre o Orçamento será votada hoje. A tendência é
que os vetos sejam mantidos. Parlamentares de partidos de vários espectros
ideológicos, como Rede, Novo, PSL e MDB, se mostraram favoráveis aos vetos,
para “garantir a governabilidade”.
Um
dos vetos de Bolsonaro na LDO impede a execução obrigatória das emendas de
comissões permanentes das duas Casas e de comissões mistas do Congresso. Essa
verba, estimada em R$ 30 bilhões, seria paga pela União compulsoriamente, sem
poder de decisão do presidente da República.
Alcolumbre
passou a tarde em reuniões para tentar acertar um acordo. Ele chegou a anunciar
a votação dos PLs e também dos vetos ainda ontem, mas teve que recuar, ao ver
que não havia consenso entre os senadores. Após reunião com líderes do Senado,
ficou definido que os projetos não seriam apreciados por falta de tempo, mas os
vetos seriam votados e mantidos. Após comunicar a decisão dos senadores a
Rodrigo Maia, ficou acertado que os vetos também não seriam votados ontem.
Projetos
reduzem poder do relator
Nos
últimos dias os presidentes das duas Casas tiveram reuniões com representantes
do governo para estudar um acordo que agradasse tanto o Executivo quanto o
Legislativo. Os projetos encaminhados pelo governo definem que o relator do
Orçamento terá a liberdade de indicar a destinação apenas das verbas acrescidas
ao projeto original. Na prática, isso limita o poder do relator.
Por
exemplo, se o governo manda um PL para construção de escolas no valor de R$ 80
milhões, o relator do Orçamento só poderá indicar a destinação de uma verba
extra que o Congresso acrescente ao projeto original. “O Congresso faz um
trabalho de revisão de receita, de corte de despesa, de encontrar recurso que
não está sendo executado. Tudo isso permite que o Congresso remaneje recursos
para áreas prioritárias. Nessas ações que tem acréscimo o Congresso pode fazer
a indicação”, disse o relator-geral do Orçamento, deputado Domingos Neto
(PSB-CE), após a sessão de ontem.
Por
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil - Brasília
Edição:
Fábio Massalli
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